Política

“Ou se acaba com a Acolhida ou ela acaba com Roraima”, diz Telmário Mota

Parlamentar afirma que o interesse principal para a criação da operação não foi humanitário, mas político

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, o senador Telmário Mota (Pros) criticou a Operação Acolhida, que coordena as ações de acolhimento aos imigrantes venezuelanos, e disse que ela não surgiu como ajuda humanitária, e sim, como um ato político.

Sem citar diretamente o nome do ex-senador, Romero Jucá, Telmário disse que o “ex-senador, que saiu” estava com 10% a 11% de aprovação e precisava de um fator político, e por isso, orquestrou a operação por meio do então presidente Michel Temer (MDB).

Ele afirma que o grupo “estrangulou” as entradas de recursos para Roraima, na gestão da então governadora Suely Campos (PP), e disse que a intervenção federal foi programada para destruir o Estado de Roraima. 

“Naquele momento eles precisavam de uma intervenção federal, para ele [Romero Jucá] vir como o salvador da pátria, comandando tudo e garantir a sua reeleição. E o projeto neste sentido deu certo. Eles quebraram o Estado como um todo e criaram essa tal Acolhida para poder chamar, e como só a Acolhida não era suficiente, eles fizeram aquele convite, oferecendo aluguel de R$700 a R$1.200, alimentação e interiorização. Com a reunião de dez ministros, a [ex] prefeita [Teresa Surita] fez uma coletiva e isso bateu dentro da Venezuela como um ‘chama’. Os venezuelanos que tinham tendência de ir para os países mais próximos e com a mesma língua preferiram uma distância maior porque aqui tinha o paraíso, que estava sendo oferecido no Estado de Roraima”.

O senador disse que é favor a ajuda humanitária, mas não em território brasileiro, mas sim na Venezuela, a exemplo do que ocorreu no Haiti. “O Brasil passou 11 anos [no Haiti] e gastou R$ 150 milhões. Nós estamos gastando quase R$ 600 milhões e não temos resultado”.

ZPE

O senador elogiou a criação da ZPE (Zona de Processamento e Exportação), na gestão do ex-prefeito Iradilson Sampaio, mas lamentou que até hoje ela não tenha sido implantada, e disse que a prefeitura priorizou investir em medidas que na avaliação dele, são menos importantes, como por exemplo, o mirante no parque do Rio Branco. 

“A ZPE é um instrumento importante para a exportação, mas é lamentável que a [ex] prefeita Teresa [Surita] não teve competência para implantar. Perderam todos os prazos, e agora o Ministério do Planejamento tem interesse em passar para o Governo do Estado, mas o Arthur [Henrique, prefeito de Boa Vista] está com vergonha de sentar com o Governo e entregar”.

Ele criticou o fato de a prefeitura ter investido “uma fortuna” no mirante, enquanto 25% da população estava desempregada, 35% precisando do auxílio emergencial, e 44 mil famílias vivem com menos de meio salario mínimo.

Ele disse ainda que 97,71% da população de Boa Vista mora na área urbana pela falta de qualidade de vida na zona rural, e dos que vivem no campo, 89% não podem ter acesso a recurso porque não têm a documentação de suas terras, e dos que produzem, 78% não têm assistência técnica. 

“A prefeitura abandonou a área rural para enfeitar a cidade. Teve recurso para o ‘chifre do beiral’ mas não teve para fazer uma Upa [unidade de pronto atendimento]. Teve dinheiro pra tudo, mas não teve para fazer a ZPE e uma Upa”, lamentou. 

Queixa-crime

O senador aproveitou a entrevista para comentar o entrevero entre ele e o delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva. O senador disse que quando Saraiva se tornou superintendente da instituição no Amazonas, determinou a apreensão de todos os caminhões com madeira no Estado vizinho, o que, segundo Telmário, estava causando a falência dos madeireiros, que pediram ajuda do parlamentar. 

“Eles vieram comigo e fomos lutar por isso. Chateado comigo, ele {Alexandre Saraiva] fez uma queixa-crime que não deu em nada. Ele perdeu o cargo e recebi um monte de denúncia, estou levantando todas e se for verdade, vou pedir a condenação dele por improbidade administrativa”.

O senador comentou ainda que é candidato à reeleição e que as pesquisas feitas por ele mostram que apesar da imagem de “briguento”, ele tem tido uma boa avaliação por parte da população. “A pesquisa o fala que o Telmário é muito briguento, mas é porque o povo às vezes não entende que sou fiscal e o meu papel é cobrar. 86% da população não tem definição para o Senado, e se a eleição fosse hoje, o Telmário ganhava de novo”, disse, otimista.